domingo, 5 de junho de 2011

« Chamadas Perdidas »

Eles amavam-se, no fundo eram felizes. Mas no meio de tudo, numa relação feliz, também existe a mágoa e a perda de toda essa felicidade. Certo dia, o telefone toca, ela atende meio sem pensar em quem possa ser:

Ela - Sim?
Ele - Sim, sou eu!
Ela - *Faz silêncio* Tu de novo?
Ele - Não desligues" Deixa-me falar.
Ela - *Fica em silêncio*
Ele - Olha, eu sei que terminámos. Mas, eu ainda te amo! Tudo bem, se não quiseres mais ficar comigo, mas não era preciso deixares de me falar! Prometeste-me que nunca irias sair do meu lado.
Ela - (...) Tu ainda não entendeste? Eu quero-te esquecer!
Ele - Eu entendo, mas podemos pelo menos ser amigos.
Ela - Não, não podemos.
Ele - Porquê?
Ela - *Não lhe responde*
Ele - Nós éramos felizes! Devertíamo-nos sempre. Só de olharmos um para o outro, já sorriamos. Poucas palavras já fazia o nosso dia valer a pena, não era?
Ela - Era.
Ele - Então, explica-me porque é que não podemos ser amigos?
Ela - *Fica novamente sem lhe dar qualquer resposta*
Ele - Responde-me!
Ela - Porque não te quero ver mais, fizeste-me chorar!
Ele - Eu sei, mas também te fiz sorrir! Desculpa se duvidei de ti, eu seu que não devia!
Ela - Agora é tarde para desculpas.
Ele - Mas (...)
Ela - Adeus.
Ele - Espera, eu amo-(...)

(Ela desliga-lhe o telefone.)

Até que passados uns dias, o telefone volta a tocar:

Ela - Sim?
Ele - Estou? Sou eu, outra vez!
Ela - Tu de novo?! O que foi desta vez?
Ele - Calma! Só te quero fazer uma pergunta.
Ela - (...) Fala.
Ele - Amaste-me mesmo?
Ela - Amei.

(Ambos permaneceram em silêncio por um momento)

Ele - Que bom. Quer dizer que não foi tudo mentira... Posso dizer-te uma coisa?
Ela - Diz.
Ele - Eu ainda te amo e sempre vou amar. Eu prometo-te! Não importa quando tempo possa passar, eu vou sempre gostar de ti.
Ela - (...) Sim sim, claro!
Ele - É verdade!
Ela - (...)
Ele - Estou? Estás aí?

(Ela desliga-lhe o telefone)

Passou-se um mês e o telefone voltou a tocar:

Ela - Sim?
Ele - Sou eu, não desligues por favor!
Ela - Porque é que não deveria?
Ele - Por favor, vamos terminar este assunto. Já nem te consigo ver na escola!
Ela - Eu mudei de escola.
Ele - Quê?! Mas porque fizeste isso?
Ela - Não te quero ver mais, para mim já chega.
Ele - (...)
Ela - Então? O que me querias dizer, afinal?
Ele - Porque é que tu ages como se me quisesses magoar?
Ela - (...)
Ele - Fala!
Ela - Então e tu, não me magoaste? Prometeste-me que ías confiar em mim...
Ele - (...)
Ela - Porque é que tu não me esqueces?
Ele - Porque o dia em que eu te esquecer, estarei morto.
Ela - Então morre!

(Ela desliga-lhe a chamada, novamente)

Passaram-se mais alguns meses. O rapaz continuo a ligar-lhe, mas ela deixou de lhe atender os telefonemas. Até que um dia, por algum motivo, ela atendeu:

Ela - O que queres?
Ele - Espera, não desligues, não vim correr mais atrás de ti.
Ela - O quê?
Ele - Sim, eu já te esqueci.
Ela - (...)
Ele - Só liguei para dizer isso.
Ela - Porque é que decidiste esquecer-me agora?
Ele - Porque tu pediste.
Ela - Como assim?
Ele - Eu amo-te e sempre vou amar. Mas vou-te esquecer.
Ela - O quê? Não estou a entender!
Ele - Adeus.
Ela - Não, ESPE-(...)

(E desta vez, quem desligou a chamada foi ele)

Passado um mês, o rapaz deixou de lhe ligar. A rapariga começou então, a ficar preocupada com ele. Foi então que decidiu ir à casa dele, para ver o que realmente se passava. Uma senhora abriu-lhe a porta.

Ela - Olá.

(A mãe do rapaz demora um pouco, mas reconhece a ex do filho)

Mãe - Olá... à quanto tempo, o que a trouxe aqui?
Ela - Eu vir ver como está o seu filho... Será que posso falar com ele?

(A mãe dele começa a chorar)

Ela - Você está bem?
Mãe - Não soubeste?
Ela - Do quê?
Mãe - Ele... matou-se.
Ela - O quê?! *os olhos dela encheram-se de lágrimas*
Mãe - Penso que foi para ti que ele deixou esta carta.

A rapariga pegou na carta e foi para casa. Quando chegou a casa, fechou-se no quarto, sentou-se na cama e começou a chorar. Algumas horas depois, ela ganhou coragem e abriu a carta.

"Eu sei que não cumpri uma promessa quando não confiei em ti... Mas não quero quebrar mais nenhuma, Agora sim, eu já posso dizer: eu esqueci-me de ti."

A rapariga percebeu que aquele último telefonema foi uma despedida. Ele já tinha avisado o que faria, mas ela não havia entendido. O rapaz havia cumprido a promessa de que a iria amar até ao fim, e que só a esqueceria quando morresse. Pois só lhe quis provar que cumpria as suas promessas, de um jeito ou de outro. O que o rapaz não sabia, é que todos os dias a rapariga esperava pelos seus telefonemas. E que sempre que desligava, começava a chorar. Por mais que dissesse que queria esquecê-lo, ela apenas tentava-se convencer a si mesma disso. A rapariga sempre o tinha amado, mas depois de tudo, o orgulho falou mais alto, não querendo assim admitir o que o coração lhe sussurrava ao ouvido. No dia seguinte, encontraram-na enforcada no seu quarto com uma carta escrita por ela, onde dizia:

"Tu cumpriste as tuas promessas, agora eu tenho que cumprir a minha. Ficarei ao teu lado, não importa o que acontecer."

Os dois cumpriram as suas promessas. Arrependeram.se apenas de duas coisas: 
- não as terem cumprido juntos, em vida. 
O amor, não é algo que se prove com letras e versos, mas sim algo que se sente, com o coração e com a VIDA.

- AMA, SENTE & VIVE!

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